O futuro da beleza: o que esperar do mercado da beleza nos próximos anos / by Camile Maes

Nesse primeiro momento não falaremos tanto do futuro da beleza em um âmbito digital, vendas online ou em tendências, modas, produtos com nanotecnologia e inovações parecidas, embora tudo isso faça parte desse futuro também. Falaremos de como o universo da beleza precisará cada vez mais se enquadrar em uma realidade guiada pela transparência, pelo natural, orgânico, cuidados com a natureza e pelo bem-estar. Engana-se quem imagina o futuro com um avanço puramente tecnológico, como robôs que lavam os cabelos ou coisa parecida. Sim, isso pode vir a existir, mas os “X” da questão toda será a revisão, a conscientização, inclusão, quebra de padrões e sustentabilidade.

A indústria da beleza se depara com a necessidade de se adaptar e andar alinhada aos novos conceitos, estilos de vida e pensamentos da sociedade, que deseja basicamente dar fim aos excessos, estar mais consciente ao meio ambiente, a beleza real, ao “menos é mais” e atenta ao bem-estar emocional. Através de pesquisas e com muita observação, centros especializados nos setores de beleza já traçam algumas previsões e perspectiva do futuro quando se trata do consumo nessa área.

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Diante de questões como os impactos ambientais, produtos de origem animal, descarte inadequado, produção excessiva de lixo, imposição de padrões estéticos e belezas inatingíveis, entre outros, as pessoas estão dando mais atenção aos pedidos de socorro do planeta, querem retomar a conexão com a natureza, o seu eu e se libertar dos padrões. Os consumidores estarão cada vez mais preocupados com essa origem dos produtos que consomem e a necessidade deles, atentos aos posicionamentos das empresas, transparência dos processos e a ética das marcas.

Esse futuro da beleza se sustenta basicamente em três pontos principais e é a partir deles que as marcas e empresas precisarão se desenvolver, crescer ou se reinventar, não só para ter atenção dos seus consumidores, mas para se manter no mercado. Vamos falar sobre esses pontos.

Beleza e Ética

O consumidor já não está mais só interessado no preço ou na qualidade, ele quer também transparência de todo o processo. Inverte-se a ideia de ostentação e excessos pelo consumo desenfreado, pelo consumo mais interessado e seletivo. As pessoas querem cada vez mais saber a origem dos produtos que consomem, se são testados em animais, se possuem componentes poluentes, ingredientes nocivos, quer saber eticamente como a empresa ou marca se comporta. Nessa nova realidade busca-se um papel mais empático e responsável, orientado pelo consumo de uma beleza limpa.

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Mais do que nunca a questão da sustentabilidade será levantada, por isso já se vê tomando forma alternativas como embalagens biodegradáveis, pacotes retornáveis e conceitos mais minimalistas. Nessa mesma linha as marcas já começaram a criar fórmulas mais seguras, sem toxicidade, utilizando componentes e ativos naturais, orgânicos, saudáveis e sustentáveis.

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Dando como exemplo o uso de parabenos, a resposta da indústria frente a insegurança do consumidor em utilizar produtos que contenham o ingrediente e desejam evitá-lo, tem sido diminuir seu uso, onde se tem agora 35% de produtos paraben free, houve uma queda no seu uso maior de 7% comparado aos últimos 3 anos. Houve redução nos cosméticos para o rosto, agora com 54% de produtos paraben free, a maior redução foi nos produtos de limpeza facial, que agora 61% é livre de parabenos.

Beleza e Inclusão

A medida que a sociedade passou a cobrar as marcas por mais representatividade, o setor entendeu que era necessário quebrar os padrões, que foram de certa forma pré estabelecidos também por essa indústria, e se adaptar a esse conjunto de valores, se comprometendo com causas reais, que engajem e gerem identificação

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Falando em quebra de padrões e de uma indústria da beleza mais inclusiva, diversas marcas são positivamente reconhecidas por enaltecer a diversidade das raças, tipos de corpo, faixas etárias e gêneros. De forma que chamam atenção para autoaceitação e pluralidade.

Em se tratando da expectativa de vida das pessoas, estamos vivendo mais e melhor. Já se vê no mercado a necessidade de abraçar os novos 50, 60, 70 e até 80 anos. Acompanhar o envelhecimento de celebridades que chegarão em alguma dessas faixas etárias na próxima década como Jennifer Lopez, Reese Whiterspoon, Halle Berry, Jennifer Aniston, Bruna Lombardi, Xuxa, Meryl Streep, entre outros ícones, ajuda a derrubar a ideia de reclusão que se tinha sobre idade. A aposta é que ao se falar em cuidados da pele, maquiagem e bem-estar, termos como anti-idade podem perder força, assim como as formas de tentar retardar demais ou esconder os sinais do tempo também. Abrindo assim espaço a uma era em que as rugas, fios brancos e as mudanças do corpo serão mais naturalizados, o que dialoga com um conceito mais flexível, livre e natural.

Outra questão é a busca pela beleza individual. Cada vez mais as pessoas tem buscado por categorias de produtos que ajudem no autoconhecimento, do realce da própria beleza e melhor versão de si. A velha ideia da beleza utópica e perfeita tem perdido cada vez mais força e as marcas e empresas que desenvolverem o valor da beleza real e individual sairão na frente.

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Beleza e saúde mental

O mundo atual é acelerado, agitado e muitas vezes cansativo. Por isso, os consumidores estão cada vez mais buscando por maneiras de combater o estresse, ansiedade e esse mal estar que o dia a dia pode causar. Especialistas do setor da beleza já demonstram através pesquisas que cosméticos, cuidados pessoais e com o bem-estar, elevam a autoestima, reduzem estresse, influenciam positivamente no estado emocional e até no desempenho profissional e social.

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Sabe-se, por exemplo, que dormir bem é fundamental para ter equilíbrio emocional, portanto a indústria dermatológica vem propondo justamente que o consumidor desenvolva um ritual noturno de cuidados, oferecendo maior gama de produtos para a noite. Nessa mesma linha, outros setores também ganham espaço, como os de terapias alternativas, fitoterapias, aromaterapia, óleos essenciais sustentáveis para o rosto, técnicas de automassagem, etc.

Para marcas que tentam entrar, se expandir no mercado, ou acompanhar o ritmo, escolher quais dessas linhas seguir ou adotar já é e deve ser cada vez mais um dilema real no mundo moderno.