Estresse e ansiedade: como essas emoções afetam o nosso corpo / by Camile Maes

Não tem como negar, estresse e ansiedade são os vilões do século. Na verdade, se tornaram, pois ao contrário do que muitos pensam, o estresse e a ansiedade não são emoções negativas, elas são necessárias como mecanismos de defesa. O problema acontece quando desenvolvemos essas emoções de forma crônica, quando esses estímulos acabam provocando reações negativas ao organismo.

Essas reações negativas desenvolvem uma série de problemas físicos e emocionais, desde complicações cardiovasculares, efeitos sobre o sistema imunológicos e até mesmo sobre a nossa pele.

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No mundo moderno as situações de estresse se multiplicaram, temos uma jornada de trabalho longa, o trânsito é exaustivo, as contas do fim do mês não fecham, etc. E nosso corpo não está preparado para lidar com isso a longo prazo, o que acaba causando irritação, cansaço, mais ansiedade, aumenta o risco de problemas cardiovasculares, agrava diabetes, afeta o sono, apetite, libido, nossa pele, etc.

Quando o estresse se torna crônico

O estresse é um mecanismo de defesa do nosso organismo frente à uma situação prejudicial, de alerta, real ou percebida. Pode ser gerado pelo ataque de um animal feroz, por uma prova surpresa ou pelo chefe cobrando a entrega daquele relatório. Diante de qualquer situação estressante, acontece uma série de reações químicas e essa resposta aumenta frequência cardíaca, acelera a respiração, contrai músculos e aumenta a pressão arterial. Geralmente esses estímulos duram segundos em uma situação de risco normal, o estresse crônico se dá quando temos uma hiperatividade que sobrecarrega o organismo e esses efeitos podem gerar danos que duram meses ou até demorar para se manifestar.

Nesse esgotamento o sistema imunológico enfraquece, nosso emocional vai ao chão, afeta o sono, apetite, concentração, eleva riscos de problemas cardiovasculares, causa gastrite e manifestações visíveis na pele.

Já a ansiedade é a fragilidade diante de uma incerteza, de um medo, insegurança e que tende a se agravar as condições de estresse.

Da acne ao envelhecimento precoce

A acne é uma grande manifestação do efeito do estresse sobre a pele. As alterações hormonais desencadeadas pelo excesso de irritação ou alguns tiques nervosos de passar a mão no rosto com mais frequência, que ajuda a espalhar bactérias e favorece o desenvolvimento da acne. O estudo Brain-Skin Connection constatou que níveis altos de estresse estavam associados à piora da acne em adolescentes, principalmente em meninos e que a liberação de substâncias inflamatórias e o excesso de cortisol causam aumento da oleosidade e consequentemente agrava a acne.

Mas não é só as peles oleosas que sofrem, o estresse crônico pode ressecar a pele e até causar descamação. O estresse também pode piorar condições de pele já existentes como rosácea, dermatites, psoríase e melasma.

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Segundo um estudo científico publicado no Inflamm Allergy Drug Targets em 2014, a liberação de cortisol, o hormônio do estresse, causa a redução no número de fibroblastos e diminui a produção de colágeno e elastina, fatores associados ao envelhecimento precoce e aparecimento de rugas e linhas de expressão. O estresse emocional ainda provoca a stress oxidativo, aumentando a liberação de radicais livres que acentuam o envelhecimento da pele, assim como a liberação de adrenalina também acelera o processo.

Outros problemas causados pelos períodos prolongados de tensão são as olheiras, formação de bolsas embaixo dos olhos e rugas. Além disso, quando estamos estressados, irritados os ansiosos, franzimos mais as sobrancelhas, a testa e dormimos pouco, esses hábitos contribuem para o aparecimento precoce de rugas.

Como prevenir os efeitos do estresse na pele?

O cuidado vai desde a alimentação até os dermocosméticos. Consumir mais fibras na dieta e a restringir carboidratos e açúcares reduz os radicais livres. Você pode utilizar produtos com ativos antioxidantes como vitamina C, E e ácido Ferúlico.

Queda de cabelo

Os mesmo mecanismos inflamatórios que geram danos à pele também causam efeitos negativos aos cabelos, neste caso esses mecanismos tem como alvo os folículos, a raiz do cabelo. O estresse e ansiedade podem danificar o cabelo de diversas maneiras, causar queda e afetar o crescimento dos fios. Além dos hormônios terem parte desses efeitos, mudanças na dieta também desempenham um papel nesse processo.

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É muito comum o estresse e a ansiedade afetarem o apetite e interferirem nas escolhas e hábitos alimentares. Para aliviar os sintomas dessas emoções, podemos consumir mais alimentos saborosos, com alto teor calórico e ricos em açúcar e gordura, muitas vezes como forma de conforto, as tais comfort foods, que parecem regular as frustrações, desconfortos e melhorar a resposta ao estresse.

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A má nutrição coloca o corpo em um estado de sobrevivência, levando a reserva de energia para partes mais essenciais e desviando do crescimento do cabelo. A liberação do cortisol e adrenalina também encurta a fase de crescimento capilar e favorece a queda dos fios. Outras condições associadas à perda de cabelo induzida pelo estresse estão a alopécia areata, um distúrbio auto-imune e dermatite seborreica, uma inflamação do couro cabeludo.

O sistema imune exige uma alimentação equilibrada, com minerais, fibras e proteínas, para se manter forte e ativo, e pessoas com estresse crônico geralmente têm carência de vitamina B5 e B12 que também são importantes para o crescimento e fortalecimento dos fios.

Olá, cabelos brancos!

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Um estudo publicado recentemente na revista Nature comprovou que o estresse acelera drasticamente o aparecimento dos fios brancos, de acordo com os pesquisadores, o estresse causa danos às células-tronco responsáveis pela produção de melanina, pigmento que dá cor a pele, aos peles e ao cabelo.

Nem as unhas escapam

Quando o corpo está sob estresse, todo o organismo funciona rapidamente, incluindo a digestão, respostas cerebrais, hormonais e imunológicas, e isso pode causar deficiência de nutrientes. A falta de cálcio e zinco são as principais responsáveis pelas manchas brancas que aparecem nas unhas, além do seu enfraquecimento, tornando elas quebradiças e com pouco crescimento.

Saúde mental

Estresse e ansiedade quando não gerenciados interferem diretamente na nossa saúde mental. Todo o desequilíbrio provocado pelas reações hiperativas do organismo influencia nas emoções e isso leva ao esgotamento, toda a força que o estresse e ansiedade têm quando são gerados em doses benéficas vai sendo substituída pelo cansaço, irritabilidade, desânimo, sonolência e indisposição.

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Esse desequilíbrio também atrapalha a liberação de hormônios que promovem a sensação de alegria e bem-estar, como serotonina, endorfina, dopamina e oxitocina. Por isso gerenciar as emoções é fundamental para manter o equilíbrio do nosso corpo. Ter uma boa alimentação, sono adequado, praticar atividade física e fazer algum tipo de relaxamento são meios para restaurar as funções e equilíbrio do organismo.

Dicas para driblar o estresse e ansiedade

  • Fazer caminhada ou alguma atividade física

  • Praticar a respiração lenta e abdominal

  • Meditação, Yoga, Pilates

  • Supervisão do sono e alimentação

  • Alimentação rica em: vitamina B (alface, abacate, aveia, amendoim, castanha, arroz e macarrao integral); Triptofano (banana, chocolate amargo, cacau, aveia, queijo, ovo e frango); Legumes e frutas; Ômega 3 (atum, salmão, sementes de linhaca e chia, nozes); Chá de folha de maracujá, cúrcuma, brócolis, semente de abóbora, coco seco e iogurte natural.

  • Praticar mais sentimentos como otimismo e gratidão

  • Buscar atividades que te dão prazer

  • Desconectar e manter relações interpessoais.